quarta-feira, 25 de maio de 2011

Deputados cristãos ameaçam convocar Palocci se governo mantiver “kit anti-homofobia”

As bancadas católica e evangélica decidiram radicalizar contra a decisão do governo de manter a distribuição, a partir do próximo semestre, de vídeos e cartilhas do Ministério da Educação contra a homofobia, apelidado de “kit gay”.


Sob o comando da Frente Parlamentar Evangélica, as bancadas decidiram endossar e até mesmo articular a convocação do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, nas comissões da Câmara, caso o governo não retire o material de circulação. O ministro é alvo de denúncias sobre a evolução do seu patrimônio nos últimos quatro anos. A avaliação dos parlamentares é que o governo terá de ceder à bancada para não correr o risco de expor o ministro.

“Hoje em dia, o governo tem medo de convocar o Palocci. Temos de sair daqui e dizer que, caso o ministro da Educação não retire esse material de circulação, todos os deputados católicos e evangélicos vão assinar um documento para trazer o Palocci à Câmara”, afirmou o deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), que sugeriu essa estratégia.

Compromisso desfeito
As bancadas decidiram endurecer contra o governo depois que o ministro da Educação, Fernando Haddad, voltou atrás no compromisso feito com os parlamentares na última terça-feira (18), quando se comprometeu a permitir a participação de parlamentares no debate sobre o kit de combate à homofobia organizado pela pasta, e que deve ser distribuído às escolas de ensino médio. Dias depois, ele declarou que iria manter o material como foi feito.

“Os valores e princípios que defendemos são inegociáveis e, na medida em que o governo mentiu e não honrou os seus compromissos, não nos resta outra opção”, disse o presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado João Campos (PSDB-GO), justificando a decisão de convocar Palocci.

A decisão de colocar o caso Palocci em evidência não teve total apoio na bancada. Um dos contrários à convocação é o líder do PR, deputado Lincoln Portela (MG), para quem o ministro não deve ser usado como moeda de troca. “Uma coisa [kit anti-homofobia] não tem nada a ver com a outra [caso Palocci]. Devemos convocar o ministro se acharmos que ele foi desonesto, não para tratar de um assunto que nada tem a ver com a nossa posição”, avaliou Portela.

Comissão geral 


Os parlamentares aprovaram ainda a realização de uma comissão geral para discutir a cartilha e a divulgação dos vídeos; a articulação de uma CPI sobre o Ministério da Educação; o pedido de exoneração de Fernando Haddad; e a obstrução a todas as votações, exceto o Código Florestal.


Os parlamentares ressaltam que são contra a violência, mas consideram o conteúdo dos vídeos inadequado. “Não podemos deixar que uma minoria [a favor do kit] se sobreponha à maioria da população, para quem essa parte de orientação sexual e comportamento deve ser deixada para os pais, que sabem o melhor para os seus filhos”, defendeu o deputado Marcio Marinho (PRB-BA).

Reportagem - Carol Siqueira 
Edição – Regina Céli Assumpção

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